Pesquisa abaixo de zero grau

A Antártica é o lugar mais frio do planeta, onde até o verão tem temperaturas baixíssimas, de cerca de dez graus negativos. Em uma das ilhas desse continente gelado e coberto de neve, fica uma base brasileira de pesquisa, a Estação Antártica Comandante Ferraz, onde atualmente 30 cientistas estão trabalhando.

A bióloga Erli Schneider Costa é uma das pesquisadoras que está na estação. A cada verão, cerca de 90 cientistas passam por lá. E sabe o que Erli e sua equipe estão estudando? Pinguins e skuas!

Skua-polar-do-sul defende seu território.Essa espécie apresenta os maiores índices de contaminação (foto: Wagner Fischer).

Menos populares do que os pinguins, as skuas também são aves marinhas, que se alimentam de peixes, carcaças de outros animais e ovos roubados de ninhos de pais desatentos.

O projeto Pinguins e Skuas tem um objetivo curioso: descobrir se a poluição que chega à região está deixando essas aves mais estressadas, aumentando a concentração de hormônios ligados ao estresse em seu organismo. Para isso, os cientistas estão coletando penas, ovos e até fezes de pinguins e skuas.

Casal de skuas-polares-do-sul. (foto: Wagner Fischer).

Esse material vai ser enviado para os laboratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Lá, as amostras serão testadas para ver a concentração de substâncias tóxicas e de hormônios ligados ao estresse no organismo dos animais.

Pinguim-antártico toma conta de filhotes (foto: Erli S. Costa).

A bióloga conta que os pinguins já são naturalmente estressados, por terem que enfrentar temperaturas muito baixas e por se preocuparem a todo instante com predadores muito maiores do que eles. O mesmo acontece com as skuas, que passam o dia voando atrás de comida. Mas Erli acredita que a poluição está deixando as aves ainda mais estressadas, já que prejudica a sua saúde.

Estudos de outros pesquisadores mostram que as aves na Antártica estão contaminadas com substâncias presentes em inseticidas e mercúrio, um metal supertóxico.

“A maioria dos contaminantes que encontramos nas aves têm origem humana”, conta a bióloga. “Muitos deles já foram até proibidos, mas continuamos achando-os mesmo assim.”

Pinguins-adélia na praia (foto: Erli S. Costa).

Essas substâncias estão presentes na água do oceano e quando os pinguins e skuas comem peixes acabam se contaminando. A poluição faz com que a casca do ovo das aves fique mais fina e frágil, podendo reduzir o número de filhotes que sobrevivem  e os deixando mais fracos e doentes. Uma notícia nada boa para essas aves que vivem no gelo, não é mesmo?

Matéria publicada em 11.04.2011

COMENTÁRIOS

Envie um comentário

Sofia Moutinho

Curiosidade é meu lema! Desde pequena busco respostas para as perguntas mais intrigantes. Melhor que estar por dentro da ciência, só compartilhar com vocês esse conhecimento!

CONTEÚDO RELACIONADO

Um mergulho com os peixes

Acompanhe o final da aventura de Rex, Diná e Zíper e suas descobertas no fundo do mar.