Pé ante pé

Imagine um animal tão, tão grande e tão, tão pesado que nem consegue andar. Durante muito tempo era assim que os paleontólogos imaginavem o Argentinosaurus, um dos maiores animais que já andaram pela Terra.

O gigante herbívoro, que viveu na região onde hoje fica a Argentina durante o período Cretáceo (entre 145 milhões e 65 milhões de anos atrás), tinha 40 metros de comprimento, 20 metros de altura e 100 toneladas. Devia ser mesmo complicado aguentar tanto peso!

Paleontólogos refizeram os passos de um dos maiores dinossauros já encontrados e comprovaram que, mesmo com dificuldade, ele conseguia andar (Foto: Universidade de Manchester)

Paleontólogos refizeram os passos de um dos maiores dinossauros já encontrados e comprovaram que, mesmo com dificuldade, ele conseguia andar (Foto: Universidade de Manchester)

Contrariando o que se pensava até agora, paleontólogos da Universidade de Manchester, na Inglaterra, descobriram que o animal conseguia, sim, ficar de pé e andar. A descoberta veio depois que eles reconstruíram virtualmente todo o corpo do animal e simularam seus movimentos.

Eles usaram um scanner 3D para digitalizar uma réplica do esqueleto completo do Argentinosaurus, que fica no Museu Municipal Carmen Funes, na Argentina. No modelo virtual, acrescentaram músculos e tendões em um programa de computador. Confira o resultado:

Os cientistas não tinham como saber onde entrava cada músculo e tendão, pois o único fóssil já encontrado desse dinossauro não preservava essas partes. Por isso, eles estimaram a localização depois de observar animais que vivem hoje, como o crocodilo.

Depois de montado o corpo completo do dinossauro, os pesquisadores inseririam no computador as informações sobre o peso do animal e colocaram o bicho para andar! Na simulação, ficou provado que o Argentinosaurus era capaz de andar e sustentar seu peso.

Mesmo assim, isso não era fácil para o dinossauro, que tinha que concentrar todas as suas energias para se mover. “Descobrimos que ele andava, mas com movimentos bem lentos e contidos”, conta o líder da pesquisa, o paleontólogo Bill Sellers. “Isso porque ele era um animal tão grande que qualquer movimento além de andar era difícil e, certamente, ele não conseguia correr, o que o fazia uma presa fácil para animais carnívoros, sobretudo se estivesse doente.”

O paleontólogo ficou animado com a técnica de refazer os movimentos de dinossauros e avisa que os próximos serão um tricerátopo – herbívoro quadrúpede do final do Cretáceo – e o famoso tiranossauro rex. Quero ver o resultado!

Matéria publicada em 18.11.2013

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Sofia Moutinho

Curiosidade é meu lema! Desde pequena busco respostas para as perguntas mais intrigantes. Melhor que estar por dentro da ciência, só compartilhar com vocês esse conhecimento!

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