Olha a serpente no fundo do mar!

Mar combina com praia, sol, golfinhos, serpentes… Opa, serpentes? Isso mesmo! Apesar de pouco conhecidas pela maioria dos brasileiros, as serpentes marinhas existem. Assim como as que vivem na terra, as marinhas têm o corpo alongado e coberto de escamas, porém mais achatado dos lados, o que as permite nadar de forma eficiente.

Não é de se estranhar que as serpentes marinhas sejam pouco conhecidas por muitos brasileiros, afinal, elas não vivem no nosso país. Aliás, esses animais habitam regiões tropicais dos Oceanos Índico e Pacífico bastante distantes do Brasil. Esse é o caso de alguns lugares na Austrália, país famoso por abrigar algumas das serpentes mais venenosas do mundo. Algumas serpentes marinhas, inclusive, fazem parte dessa lista. Só para se ter uma ideia, três gotas do veneno da serpente-marinha-comum (Enhydrina schistosa) podem matar até oito pessoas!

Uma serpente-marinha-oliva (<i>Aipysurus laevis</i>) nada em um recife na Austrália. Assim como outras serpentes marinhas, a espécie tem corpo achatado lateralmente. (foto: João Paulo Krajewski)

Uma serpente-marinha-oliva (Aipysurus laevis) nada em um recife na Austrália. Assim como outras serpentes marinhas, a espécie tem corpo achatado lateralmente. (foto: João Paulo Krajewski)

O motivo para tanta potência? Em primeiro lugar, as serpentes marinhas pertencem à família Elapidae, repleta de serpentes muito venenosas, como a coral-verdadeira (Micrurus corallinus), que ocorre em terras brasileiras. Portanto, o veneno das serpentes marinhas é uma herança familiar. Além disso, a maior parte das serpentes marinhas se alimenta de animais ágeis e móveis, como peixes. Por isso, o veneno precisa ter efeito rápido para paralisar a presa e permitir que ela seja pega logo após o ataque.

Com o tempo, por meio da seleção natural, as presas das serpentes marinhas se tornaram mais resistentes ao veneno. Da mesma forma, as serpentes ficaram cada vez mais venenosas para dar conta das presas mais fortes: uma verdadeira corrida de defesa e ataque entre presa e predador! Essa combinação de herança venenosa e presas rápidas e cada vez mais resistentes ao veneno fez com que, ao longo do tempo, as serpentes marinhas se tornassem muito venenosas, como nos dias de hoje!

Mergulhar e fazer imagens de serpentes-marinhas é um verdadeiro sonho para muitas pessoas que visitam os lugares onde esses animais vivem. (foto: João Paulo Krajewski)

Mergulhar e fazer imagens de serpentes-marinhas é um verdadeiro sonho para muitas pessoas que visitam os lugares onde esses animais vivem. (foto: João Paulo Krajewski)

Com serpentes venenosas nadando por aí, será que as pessoas que moram em lugares onde essas espécies vivem têm coragem de entrar no mar? Claro que sim! Isso porque a grande maioria das serpentes marinhas são muito tranquilas e só atacam quando ameaçadas. Mesmo assim, fabricar um veneno tão potente é custoso e, quando possível, a serpente se defende de outras formas: fugindo, fazendo cocô (eca!) e até mordendo sem inocular o veneno. Além disso, algumas espécies têm dentes pequenos, o que dificulta que mordam humanos. A não ser que você seja um peixinho apetitoso ou perturbe muito uma serpente marinha, não há motivo para temer esses belos répteis.

Todas as serpentes marinhas, incluindo a serpente-marinha-listrada (<i>Laticauda colubri-na</i>) precisam nadam à superfície para respirar. (foto: João Paulo Krajewski)

Todas as serpentes marinhas, incluindo a serpente-marinha-listrada (Laticauda colubri-na) precisam nadam à superfície para respirar. (foto: João Paulo Krajewski)

As serpentes marinhas não vivem o tempo todo submersas. Todas, sem exceção, respiram principalmente por pulmões e precisam vir à superfície da água para respirar. Mesmo assim, dependendo da espécie e da atividade, as serpentes podem ficar até duas horas submersas. Que fôlego!

Algumas espécies de serpentes-marinhas precisam vir à terra para depositar seus ovos durante a reprodução, como essa serpente-marinha listrada, em uma caverna na ilha de Niue. (foto: João Paulo Krajewski)

Algumas espécies de serpentes-marinhas precisam vir à terra para depositar seus ovos durante a reprodução, como essa serpente-marinha listrada, em uma caverna na ilha de Niue. (foto: João Paulo Krajewski)

Fora isso, algumas serpentes marinhas precisam vir para terra firme durante a reprodução, pois seus filhotes nascem de ovos depositados fora da água. Há ainda espécies que não botam ovos, e os filhotes saem diretamente do corpo da mãe após a gestação, no fundo do mar. Nesse caso, os recém-nascidos precisam nadar até a superfície para respirar logo que saem do corpo da mãe.

Sabe aquela brincadeira de festa junina? Nessa, você pode acreditar: “olha a serpente no fundo do mar!”. É verdade!

Matéria publicada em 30.06.2017

COMENTÁRIOS

  • Henrique nascimento de araujo

    Gostei muito bom amei

    Publicado em 24 de setembro de 2021 Responder

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Roberta Bonaldo

Amo o mar! Meu trabalho é procurar histórias curiosas desse fantástico universo.

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