Todos nós um dia fomos apenas uma célula, o zigoto. Dia após dia, ela se dividiu, formando mais células. Primeiro duas, depois quatro, oito… até que, por fim, nosso corpo, com cerca de 1 trilhão de células, estava pronto para o nascimento. Como funciona esse processo? Foi pensando nisso que, em 1963, um grupo de pesquisadores decidiu estudar em detalhes o desenvolvimento de um pequeno verme, chamado Caenorhabditis elegans.
O verme foi descoberto e nomeado em 1900, muito antes dessas pesquisas terem início. Caenorhabditis, em grego, quer dizer “novo Rhabditis”, por conta da semelhança com outro gênero de vermes, chamado… Rhabditis (“que parece uma haste”, em grego). Já o nome elegans, em latim, significa “elegante”, apesar de, cá entre nós, esse bichinho não ser muito charmoso.
Nosso crescimento antes de nascermos é chamado de desenvolvimento embrionário. Todos os animais e até as plantas passam por essa fase, seja dentro do corpo de suas mães, em um ovo ou numa semente. Por que os pesquisadores escolheram estudar o desenvolvimento embrionário no C. elegans? Pela praticidade! Afinal, em apenas poucos dias o zigoto desse verme se desenvolve em um animal adulto. Além disso, esse bichinho é transparente, o que permite ver mais facilmente todas as suas células e até colori-las.
Após muito estudo, os cientistas conseguiram analisar, passo a passo, todo o desenvolvimento do verme-elegante, desde o zigoto dentro do ovo até a idade adulta. Ao contrário de nós, esse verme possui menos de mil células quando adulto, e os especialistas agora sabem, exatamente, como cada uma delas se desenvolveu a partir do zigoto. Fascinante, não é?
Ao longo das últimas décadas, mais e mais estudos foram feitos com esse pequeno animal. Para compreendermos melhor sobre nosso próprio corpo, estudar outros animais é um primeiro passo. Por conta dessa relevância, cientistas que estudam o verme-elegante receberam em 2002, 2006 e 2008 o Prêmio Nobel, a maior premiação que um pesquisador pode ganhar. Uau!