O dino mais velho do mundo?

Extra! Extra! Achado um fóssil de dinossauro que, segundo seus descobridores, possui cerca de… 228 milhões de anos! Caso a teoria dos cientistas que o descobriram seja comprovada, o fóssil desse réptil é o mais antigo encontrado no mundo. E mais: dessa espécie de dinossauro teriam evoluído todos os que nasceram depois dele.

Com 50 centímetros de altura, o Ulbra era um caçador cursorial, ou seja, não pegava suas presas em emboscadas mas, sim, corria atrás delas.

Tudo começou há dois anos. Em 2004, numa escavação para buscar restos mortais de animais pré-históricos, pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) descobriram o tal fóssil enterrado no município de Agudo, região central do Rio Grande do Sul. Entre os ossos encontrados está uma boa parte do crânio, a mandíbula com dentes, vértebras de todas as partes do tronco e da cauda, e patas da frente e de trás.

Com base nesses ossos, os pesquisadores traçaram um perfil do vovô-dinossauro. “Observando os dentes sabemos que ele era carnívoro e provavelmente se alimentava de pequenos anfíbios, rincossauros e cinodontes (répteis ancestrais dos mamíferos)”, conta o paleontólogo Sérgio Furtado Cabreira, que comandou a descoberta. O dinossauro em questão era bípede – isto é, andava sobre duas pernas –, possuía aproximadamente 50 centímetros de altura, 1,5 metro da cabeça até a cauda e pesava cerca de 12 quilos. Além disso, possuía um pequeno chifre sobre o osso nasal, o que sugere que esse animal tinha vida social intensa. “Esse chifre poderia ser usado pelos animais para disputar a liderança do grupo, constituir bandos ou paquerar as fêmeas”, conta Sérgio.

Aí está a mandíbula do Ulbra. Os dentes serrilhados sugerem que ele era carnívoro.

Já o nome do novo dinossauro, bom… O réptil por enquanto é chamado de ULBRA PVT016, que parece mais nome de robô do que de dinossauro, mas é apenas temporário. Nele está presente a abreviação do nome da universidade dos pesquisadores que o descobriram (ULBRA); PVT, que é uma sigla para paleovertebrados (setor do departamento de paleontologia ao qual pertencem os pesquisadores), e o 016, já que esse é o 16° fóssil a ser registrado pela universidade. Captou? O nome definitivo será dado daqui a cerca de cinco anos. Esse é o tempo estimado para que os cientistas façam comparações com outros ‘dinos’ da época, para só então determinar a qual família o animal recém-descoberto pertence e descrevê-lo com mais precisão.

Agora fique bem atento para entender a polêmica que envolve essa nova descoberta. Os dinossauros conhecidos até agora da era Triássica – ou seja, que viveram de 251 milhões de anos a 199 milhões e 600 mil anos atrás – possuem apenas três vértebras sacrais – isto é, localizadas na região da pélvis. Já o Ulbra possui cinco vértebras sacrais, exatamente como os dinossauros mais modernos, que viveram no Jurássico, período que vai de 199 milhões e 600 mil anos atrás a 145 milhões e 500 mil anos atrás. Essa constatação leva os pesquisadores que o descobriram a teorizar que todos os dinossauros bípedes do período jurássico evoluíram do Ulbra, ou seja, que ele seria uma espécie de ‘pai’ dos dinossauros que vieram depois dele.

De qualquer maneira, uma descoberta tão importante como essa precisa ser publicada numa revista científica para ser reconhecida pelos outros pesquisadores, o que levará cerca de cinco anos, tempo que durarão as pesquisas com o fóssil. “Quando é submetida a uma revista especializada, a pesquisa é analisada por cientistas renomados que revisam o trabalho em busca de possíveis falhas”, conta Átila da Rosa, paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria. “É mais sensato esperar a publicação, mas se a tese do grupo da Ulbra for confirmada, eles têm nas mãos um grande tesouro.”

 

 

Matéria publicada em 21.05.2010

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Rosa Maria Mattos

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