Múmias para todos os gostos

Falamos em múmias, você pensou no Egito? Normal. As múmias egípcias são realmente as mais conhecidas. Mas, saiba, não são as únicas: desde a Antiguidade, as mais diversas culturas em diferentes partes do mundo usaram diferentes técnicas de conservação de corpos. Além disso, muitos indivíduos foram preservados por condições naturais, em geral pelo frio ou em ambientes muito secos. E todos recebem o nome de múmias!

Algumas vezes, não se sabe exatamente o motivo de se prepararem múmias com técnicas especiais e trabalhosas. Porém, no caso do antigo Egito, conhece-se bem a razão: esse povo acreditava que, assim, levaria seus mortos até a presença dos deuses. As figuras consideradas mais importantes da sociedade, como faraós e sacerdotes, eram mumificadas. Os embalsamadores, figuras importantes na época, cobravam muito para fazer isso.

Há milhares de múmias egípcias espalhadas museus do mundo inteiro. A prática de mumificação no Egito prevaleceu durante diversas épocas, desde antes de 5.000 atrás até o século 1. (foto: Tim Sneddon / Flickr / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0>CC BY-SA 2.0</a>)

Há milhares de múmias egípcias espalhadas museus do mundo inteiro. A prática de mumificação no Egito prevaleceu durante diversas épocas, desde antes de 5.000 atrás até o século 1. (foto: Tim Sneddon / Flickr / CC BY-SA 2.0)

A técnica não era muito simples. De modo geral, retirava-se os órgãos internos, especialmente as vísceras e o cérebro, guardados em jarros especiais, e iniciava-se a dessecação do corpo. Para isso, usavam sal, capaz de retirar a umidade e evitar a putrefação. Em seguida, o cadáver era coberto com betume e enrolado com ataduras. Ervas aromáticas também ajudavam na preservação.

Todo esse processo era exclusivo de pessoas muito ricas. O que pouca gente sabe é que a grande maioria das múmias egípcias foi criada pelo clima do deserto, que causa desidratação rápida e conserva os corpos por si só. Os pobres eram enterrados na areia do deserto!

Múmias chilenas

Embora as múmias egípcias sejam as mais conhecidas, há outras bem mais antigas. São as múmias Chinchorro, do deserto de Atacama, no Chile. Datam desde 9.000 anos antes do presente, porém foram preparadas de modo bem diferente.

As múmias Chinchorro, encontradas no deserto do Atacama, no Chile, são as mais antigas múmias artificiais já conhecidas. Elas datam de 9.000 anos atrás. (foto: Heretiq / Wikimedia Commons / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.5/deed.en>CC BY-SA 2.5</a>)

As múmias Chinchorro, encontradas no deserto do Atacama, no Chile, são as mais antigas múmias artificiais já conhecidas. Elas datam de 9.000 anos atrás. (foto: Heretiq / Wikimedia Commons / CC BY-SA 2.5)

O princípio da técnica era o mesmo: retirar os órgãos de putrefação mais rápida. Depois, o corpo era preenchido com varas de madeira para que se mantivesse em posição estendida. Finalmente, cobria-se com argila e usava-se tinturas pretas, vermelhas ou brancas, de acordo com a época e cultura diferente.

Como acontecia com os pobres no Egito, os corpos Chinchorros também eram enterrados na areia, e o clima do deserto mais árido do mundo encarregava-se do processo final.

Múmias brasileiras

Talvez você não saiba das múmias brasileiras. São raras, mas existem! Algumas foram encontradas na região arqueológica da Serra da Capivara, no Piauí, e têm até 3.000 anos. Há outras na região norte de Minas Gerais, datadas do período colonial e depositadas no cemitério da igreja de Santo Antônio Aparecido de Itacambira; e também corpos parcialmente mumificados nos sítios arqueológicos do Vale do Peruaçú.

O ritual de encolher cabeças marcava a vitória sobre um inimigo. No passado, esta tradição era comum entre os Jívaros, povo que viveu na Amazônia. (foto: MykReeve / Wikimedia Commons / <a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>CC BY-SA 3.0</a>)

O ritual de encolher cabeças marcava a vitória sobre um inimigo. No passado, esta tradição era comum entre os Jívaros, povo que viveu na Amazônia. (foto: MykReeve / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

Entre grupos indígenas da Amazônia, havia ainda a cerimônia de encolher as cabeças dos inimigos. Eles retiravam a pele da cabeça dos mortos e cozinhavam em infusão, para depois enterrarem na areia quente até sua solidificação. As cabeças reduzidas foram tão comercializadas que se tornaram objeto de falsificações!

Múmias geladas

Além da conservação pelo clima seco, os corpos podem ser conservados pelo frio extremo, como no alto dos Andes e nas regiões mais frias da Terra, como Alasca, Groelândia, Rússia (Sibéria), entre outras. Um exemplo bastante conhecido é a múmia do “Homem do Gelo” (Ötzi).

Ötzi, o Homem do Gelo, é uma múmia naturalmente conservada, encontrada no Vale de Ötztal, na fronteira da Áustria com a Itália. (foto: 120 / Wikimedia Commons / <a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>CC BY-SA 3.0</a>)

Ötzi, o Homem do Gelo, é uma múmia naturalmente conservada, encontrada no Vale de Ötztal, na fronteira da Áustria com a Itália. (foto: 120 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

Na Europa, encontram-se pântanos em que as condições de pH são muito ácidas, o que impede a proliferação de bactérias e consequente putrefação da matéria orgânica. Estas, em geral, são múmias de indivíduos sacrificados e estão muito bem preservadas.

Múmias animais

Agora, não pense você que a mumificação é exclusividade dos humanos. Por exemplo, cientistas já encontraram mamutes conservados no gelo da Rússia. Entre os Incas, na região andina, costumava-se enterrar indivíduos junto com seus animais – lhamas, cães, cobaios. No Egito antigo também era prática religiosa mumificar animais, como cães, gatos, filhotes de crocodilos, aves, entre outros.

Os egípcios tinham o costume de mumificar também animais, como gatos. (foto: Andrea / Flickr / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0>CC BY-SA 2.0</a>)

Os egípcios tinham o costume de mumificar também animais, como gatos. (foto: Andrea / Flickr / CC BY-SA 2.0)

Enfim, as múmias, completas ou parcialmente conservadas, artificial ou naturalmente, são importante fonte de informação sobre culturas antigas e suas relações com o ambiente em que viviam. Interessam também à paleoparasitologia, o estudo sobre origem e evolução de doenças infecciosas. Estudando-as, podemos conhecer muito melhor o passado e, possivelmente, entender aspectos futuros da humanidade.

Matéria publicada em 06.07.2015

COMENTÁRIOS

  • Bianca

    E muito chato ter que escrever tudo sem ajuda a minha mãe não quer me ajudar é me dar atenção

    Publicado em 4 de agosto de 2020 Responder

    • Mãe da Bianca

      Talvez seja pq vc não se interessou em ler e subiu emburrada para seu quarto fazer cena ao invés d3 tentar aprender e fazer a lição que a professora pediu.

      Publicado em 4 de agosto de 2020 Responder

      • Leones

        Esserio

        Publicado em 7 de agosto de 2020

  • LEONES

    Ninguém liga

    Publicado em 7 de agosto de 2020 Responder

  • leones

    as duas fazem as pazes nao é uma boa ideia

    Publicado em 7 de agosto de 2020 Responder

  • arthur

    boa ideia

    Publicado em 11 de agosto de 2020 Responder

  • Cauã brunello de marchi

    ñ boua ideia elas escrevem oque quer

    Publicado em 13 de julho de 2021 Responder

  • Joaquim

    Eu adorei o seu trabalho escrevendo o texto

    Publicado em 3 de setembro de 2023 Responder

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Luiz Fernando Ferreira e Adauto Araújo

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