Gravetos viram poesia

Uma pedra no meio da floresta, um fungo sobre um galho, um ninho abandonado. Não costumamos dar muita atenção a esses elementos da natureza, que passam despercebidos em nosso dia a dia. Mas os escritores Ninfa Parreiras e Wladimir Moreira decidiram criar poemas sobre partes esquecidas do meio ambiente, como gravetos quebrados, folhas secas e insetos mortos.

Gravetos espalhados pelo chão podem inspirar uma poesia. Você já tentou? (foto: rod amaru / Flickr / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0>CC BY-NC 2.0</a>)

Gravetos espalhados pelo chão podem inspirar uma poesia. Você já tentou? (foto: rod amaru / Flickr / CC BY-NC 2.0)

O projeto se chama ‘Terra: Estações’ e tem como objetivo aliar a poesia ao meio ambiente – duas questões desprezadas no mundo de hoje, segundo os autores. A série de poemas trata da simplicidade de plantas, animais e outros detalhes encontrados em matas, florestas ou outras áreas cobertas pela natureza.

Além de escrever os poemas, Ninfa e Wladimir querem incentivar as crianças a fazerem o mesmo. Por isso, têm visitado escolas públicas e privadas em diferentes lugares do país, realizando oficinas que estimulam os alunos a criarem poesia a partir de objetos do local onde estão – por exemplo, se estão em uma sala de aula, podem escrever sobre uma porta ou uma cadeira.

Para Ninfa, é preciso buscar o significado oculto das coisas abandonadas na natureza. “Quando olhamos para um toco de madeira no chão, achamos que ele não serve para nada. Mas isso não é verdade: ele serve para a poesia e nela encontra uma enorme utilidade”, garante Ninfa. “Um ninho que foi abandonado por uma mamãe-pomba e seus filhotes pode não ter mais utilidade para eles, mas pode servir para outros animais”, completa.

Ela acredita que a palavra tem o dom de mudar o mundo e que, por meio dela, é possível salvar a natureza da devastação humana. “Queremos proteger a poesia e o meio ambiente da ação devastadora do homem”, conta Ninfa.

A ideia do projeto surgiu quando os escritores viajaram para um sítio em Minas Gerais e, lá, começaram a reparar em objetos da natureza esquecidos pelo tempo. “Nós vimos um toco de madeira que sofreu a ação do tempo e se transformou numa espécie de escultura”, relembra Ninfa. “Isso nos mostrou a beleza natural que pode haver nesses elementos”.

A poesia foi a forma escolhida para dar vida ao projeto porque ela fala de coisas que não são explicadas racionalmente. Construída por metáforas, musicalidade e um estilo muito próprio, essa forma de escrever pode tocar crianças, jovens e adultos e sensibilizá-los para estarem mais atentos a natureza e ao nosso planeta.

Conheça um pouco do projeto ‘Terra: Estações’
Poesia de Ninfa Parreiras
Poesia de Wladimir Moreira Santos

Matéria publicada em 29.06.2015

COMENTÁRIOS

  • MATHEUS SOARES

    GOSTEI MUITO DE TER LIDO E SABER QUE HÁ PESSOAS QUE SE PREOCUPAM COM A BELEZA QUE PODE HAVER EM QUALQUER LUGAR.

    Publicado em 22 de dezembro de 2020 Responder

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Valentina Leite

Sou apaixonada por cinema, sushi e praia. Adoro escrever, andar de bicicleta, cantar (no chuveiro) e conhecer pessoas novas! Quando pequena queria ser cientista, mas acabei escolhendo ser jornalista e agora escrevo sobre ciência.

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