Era uma vez um jardim de ervilhas

O sino bateu às três horas da tarde. A missa tinha acabado. Todos os monges foram descansar em seus aposentos, menos Mendel. Ele foi direto ao jardim para voltar a seus experimentos. Fazia muito frio naquele monastério em Brunn, na Áustria, mas isso não impedia Mendel de estudar suas plantas. Esse monge muito sabido cultivava diversos tipos de ervilhas em seu jardim.

As ervilhas eram separadas por famílias. Cada família tinha nascido de uma semente diferente e por isso possuía características distintas. Uma família era de ervilhas amarelas; outra, de ervilhas verdes; a sua forma podia ser lisa ou rugosa. Por seis gerações, cada família havia conservado sua característica, isto é: a primeira semente da família de ervilhas amarelas só teve filhos, netos e bisnetos amarelos; a semente verde, só descendentes verdes… E assim por diante. Isto porque as plantas de ervilhas têm a capacidade de se reproduzir independentemente de qualquer parceiro.

Mendel, que havia percebido que as características mencionadas e outras passavam de geração para geração e, portanto, eram hereditárias, queria descobrir o que aconteceria se ele misturasse as famílias de ervilhas. “Se eu promover o casamento da ervilha amarela com a ervilha anã, que característica será que seus filhos terão?”, deve ter pensado enquanto caminhava entre as plantas.

Para não ficar na dúvida, Mendel começou a fazer o cruzamento entre as famílias. A primeira tarefa era abrir a parte interna da flor onde se forma a ervilha para encontrar seus órgãos reprodutores. Esse trabalho era muito delicado e ele precisava do auxílio de uma pinça. Ao abrir essa parte da planta, o monge observou alguns filamentos semelhantes a antenas — eram os órgãos masculinos! No topo dessas antenas ficava o pólen, as células reprodutoras masculinas das ervilhas. O fato de ficarem isoladas do meio exterior impedia o que, agora, Mendel iria realizar.

Com a pinça, Mendel pegou o pólen das plantas da família de ervilha verdes e o depositou nos órgãos femininos das plantas de ervilhas amarelas, denominados pistilos. O pólen viajou por esse órgão até chegar a parte mais interna da flor, onde o ovário o esperava. Com isso, o cruzamento estava pronto. O padre repetiu a experiência com todas as plantas de todas as famílias até que conseguiu descobrir os segredos da hereditariedade depois de sete anos.

Certo de que havia feito uma grande descoberta, Mendel mandou seu trabalho para as bibliotecas e para os maiores especialistas em hereditariedade da época. Mas não teve reconhecimento… Ele passou a vida inteira esperando que alguém entendesse o que estava dizendo, mas isso só foi acontecer 16 anos depois de sua morte, em 1884.

Leia também: Introdução | O mundo conhece as descobertas do monge

Matéria publicada em 04.04.2002

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    A minha irmã me mostrou as partes interiores de uma flor!

    Publicado em 24 de junho de 2018 Responder

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Sarita Coelho

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