É fogo!

O que é, o que é: tem o corpo fininho, mas a cabeça enorme. Sua cabeleira pode ser preta, vermelha ou… estar em chamas! Adivinhou? Sim, estamos falando dos palitos de fósforo, inventos que tornaram mais fácil produzir fogo.

Com a invenção do fósforo, fazer fogo se tornou mais fácil e seguro (foto: Miguel Saavedra).

No passado, para gerar uma chama, era preciso esfregar uma rocha chamada sílex no aço. Em 1847, quando palitos de fósforos como os que conhecemos hoje começaram a ser produzidos, essa história mudou de vez. Fazer fogo se tornou mais fácil — e também mais seguro. Afinal, antes dos fósforos atuais serem criados, existiam os que poderíamos chamar de seus avós: os fósforos de fricção.

Na cabeça desse tipo de fósforo, estavam concentradas todas as substâncias químicas necessárias para dar a origem ao fogo. Com isso, para acendê-los, bastava friccioná-los sobre uma superfície dura. Ou seja, você podia riscá-los sobre uma mesa, uma parede, uma porta e onde mais quisesse. Parece prático? Pois saiba que isso, na verdade, era um perigo: quando a gente menos esperasse, o fósforo podia pegar fogo. Afinal, eles facilmente entravam em combustão.

Há mais de 150 anos, porém, os fósforos são fabricados de tal forma que os produtos químicos que dão origem ao fogo estão separados em duas partes: na cabeça do palito e na lateral da caixa de fósforos. Portanto, hoje, nem adianta tentar riscar o fósforo em qualquer lugar: não se consegue fogo assim! Outra inovação importante foi a substituição, no início do século passado, do fósforo branco — venenoso, capaz de causar doenças e até a morte em quem os usava ou fabricava — pelo vermelho, muito menos tóxico.

Os produtos químicos que dão origem ao fogo estão separados em duas partes: na cabeça do palito e na lateral da caixa de fósforos (foto: Antonio Jimenez Alonso).

Fósforo sem fósforo
Mas você sabia que, na cabeça do palito de fósforo, não existe… fósforo?! Pois é: esse elemento químico só é encontrado na lateral da caixa, onde há também pó de vidro e cola.


Aliás, todo mundo sabe que é preciso riscar o palito de fósforo na lateral para termos fogo. Porém, quem imagina o que acontece a partir desse gesto? Pois anote: com essa fricção, geramos calor. Dessa maneira, uma pequena quantidade de fósforo vermelho (olhe ele aí!) é transformado em fósforo branco.

Ué, mas o fósforo branco não é perigoso? De fato. Mas, nos fósforos atuais, assim que é produzida, essa substância reage imediatamente com outra que está na cabeça do palito: o clorato de potássio. Com isso, é liberado calor suficiente para fazer com que dois outros elementos presentes na cabeça do fósforo — o enxofre e o sulfeto de antimônio — entrem em combustão, gerando fogo.

Dependendo do tamanho do palito de fósforo, essa chama pode continuar acesa por até 50 segundos. Mas não é por acaso que isso acontece. Na cabeça do fósforo, há parafina: um tipo de cera que serve de combustível para alimentar a chama. Além disso, ao ser fabricado, o palito foi mergulhado em um composto capaz de evitar que o fogo se propague rapidamente: o fosfato de amônio.

Viu só como a química está presente e faz diferença até em detalhes como esses?!

 

 

Matéria publicada em 17.09.2010

COMENTÁRIOS

  • Leonor

    Ola a todos

    Publicado em 3 de abril de 2021 Responder

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Joab Trajano Silva

Desde criança, o autor da coluna No laboratório do Sr. Q pensava em ser biólogo. Mas, enquanto cursava a faculdade, descobriu que precisava de conhecimentos químicos para entender como os seres vivos funcionam. Juntou as duas coisas e foi ser bioquímico.

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