Quem aí quer ser paleontólogo?

O que vou contar a vocês aconteceu há muito tempo, quando eu ainda era criança. Naquela época não existiam telefones celulares, videogames, computadores ou mesmo televisão colorida. Lá em casa, quando assistíamos à televisão, colocávamos um plástico pintado com as cores vermelha, azul e amarela na frente da tela, e sonhávamos com um mundo a cores. Quando me lembro do passado, parece que eu vivia na pré-história.

Paisagem pré-histórica: veja como se imagina que era o município de Sousa, na Paraíba, quando ainda existiam os dinossauros (ilustração: Ariel Milani Martine)

Minha cidade era pequena e, com meus amigos, eu andava quilômetros e quilômetros de bicicleta. Podia, então, observar muitas plantas e animais que não existiam na cidade e me intrigavam pela diversidade de suas formas e cores. A minha curiosidade veio desses passeios de bicicleta. Na escola, gostava de perguntar e saber de tudo – o porquê dos mares serem salgados, de existirem montanhas altas e baixas, de alguns rios serem de águas transparentes e outros de águas escuras. Acho que eu era até meio chato de tanto perguntar, mas eu tinha uma vontade enorme de entender o mundo que me cercava.

Foi nesta época que ganhei um livro cheio de imagens e informações sobre a natureza. Em uma das páginas havia o desenho de um animal que eu não conhecia e que o livro indicava ter existido há muitos milhões de anos na Terra. “Há muitos milhões? Como assim, muitos milhões?”, pensei. A pessoa mais velha que eu conhecia era a minha bisavó, que tinha 96 anos. Como era possível seres vivos há milhões e milhões de anos?


Procurando mais informações sobre esses animais, descobri que eles variavam muito de tamanho, e que alguns eram tão esquisitos, que nem pareciam animais. Foi aí que pensei: se havia animais há milhões de anos, devem também ter existido plantas. E lá estavam elas – algumas parecidas com as de hoje, outras bem diferentes.

Como tantas plantas e animais diferentes podiam ter existido? Por que algumas haviam desaparecido e outras não? Em meio a tantas perguntas, minha avó falou:

– Querido, entenda uma coisa, há um ditado popular que diz: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.


Esse ditado faz todo sentido para entender o passado da Terra. Por quê? Ora, porque, no transcorrer do tempo mares se transformam em desertos, rios em montanhas, e muitos dos animais e plantas que lá viviam podem se transformar em registros nas rochas.

A vida que existiu no passado da Terra fica preservada nas rochas sob a forma de fósseis, que, por sua vez, correspondem a uma grande variedade de animais e plantas, que representam parte do próprio tempo de existência de nosso planeta. Assim como hoje temos em cada região da Terra animais e plantas diferentes, também no passado essa diversidade existiu. Imagine então um milhão, dez milhões, cem milhões ou um bilhão de anos atrás! Quantos não foram os seres vivos que deixaram algum tipo de registro nas rochas que anteriormente foram fundo de mares, rios, lagos e que hoje são montanhas?

Fóssil do 'crocodilo terrível de Uberaba'. Com 70 milhões de anos de idade, ele foi encontrado em Peirópolis, Minas Gerais (foto: Carlos Alberto).

Fascinado com isso, minha vontade de saber mais sobre o passado da vida na Terra só cresceu. Agora, você é meu convidado a usar a imaginação e voltar no tempo com a coluna De volta à pré-história. Prometo trazer muitas curiosidades e garanto que você não vai se arrepender de embarcar nessa jornada.

 

Matéria publicada em 09.07.2010

COMENTÁRIOS

  • Gabriel de jesus almeida

    Legal quero saber mais

    Publicado em 24 de junho de 2020 Responder

  • Rafael

    Adorei

    Publicado em 24 de junho de 2020 Responder

  • Yago

    mto chato

    Publicado em 31 de agosto de 2020 Responder

  • Yago

    mto legal

    Publicado em 31 de agosto de 2020 Responder

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Ismar de Souza Carvalho de Souza Carvalho

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