Pula, irrita e coça!

As férias terminaram e era dia de volta às aulas. Logo que se viram, Zeca, Pedrinho, Beto e Tuca foram contar uns aos outros sobre os dias de descanso. Beto foi o primeiro a dar seu relato: “Meus pais e eu viajamos para a casa dos meus avós e levamos nossa cadelinha, a Viola. Todos os dias, vovó fazia comidas deliciosas! Mas, uma tarde, meu tio esqueceu o portão aberto e a Viola fugiu. Fomos encontrá-la em um lote vago, infestada de pulgas”.

Era para ser um bate-papo sobre as férias, mas, graças à Viola, virou uma conversa sobre pulgas. (foto: Thomas Hawk / Flickr / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0>CC BY-NC 2.0</a>)

Era para ser um bate-papo sobre as férias, mas, graças à Viola, virou uma conversa sobre pulgas. (foto: Thomas Hawk / Flickr / CC BY-NC 2.0)

“Pulgas?!”, exclamou Tuca. “Meu gato, o Guerreiro, uma vez ficou cheio delas!” Pedrinho fez cara feia. “Só de pensar nisso eu fico com vontade de me coçar. Meu pai me disse que já foi picado por pulgas em um hotel bem xexelento”.

“Isso não é nada”, garantiu Zeca. “Eu já peguei bicho-de-pé depois que andei descalço no galinheiro da roça do Vô Joaquim. Pior que pulga!”

No fim, todo mundo esqueceu de falar sobre as férias, e a conversa virou uma discussão de quem se coçou mais: a cadela do Beto, o gato do Tuca, o pai do Pedrinho, ou o Zeca. O bate-papo ainda rendeu uma busca sobre pulgas e bichos-de-pé na internet e nos livros da biblioteca. Sabe o que os garotos descobriram? Que existem mais de 2 mil espécies de pulgas conhecidas, e que quase todas se alimentam do sangue de aves ou mamíferos. Mas isso foi só o começo!

As pulgas são insetos sem asas, que medem em média poucos milímetros de comprimento. Seu corpo costuma ser achatado lateralmente, e coberto por setas, estruturas que lembram pelos e que ajudam a pulga a se prender ao corpo do hospedeiro, principalmente durante as coceiras. As pernas da maioria das espécies de pulgas são longas e adaptadas para saltar alturas muitas vezes maiores que seu tamanho. Na foto, uma pulga-de-humanos. (foto: Parasite and Diseases Image Library, Australia / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/au/deed.en>CC BY 3.0 AU</a>)

As pulgas são insetos sem asas, que medem em média poucos milímetros de comprimento. Seu corpo costuma ser achatado lateralmente, e coberto por setas, estruturas que lembram pelos e que ajudam a pulga a se prender ao corpo do hospedeiro, principalmente durante as coceiras. As pernas da maioria das espécies de pulgas são longas e adaptadas para saltar alturas muitas vezes maiores que seu tamanho. Na foto, uma pulga-de-humanos. (foto: Parasite and Diseases Image Library, Austrália / CC BY 3.0 AU)

A mais famosa espécie de pulga é a Pulex irritans. Mais conhecida como pulga-de-humanos, essa espécie se espalhou mundo afora de carona em nossos corpos. Só que a P. irritans não incomoda apenas a gente, mas também outros animais. Seu nome científico quer dizer “pulga irritante” em latim, e mostra bem como ficamos aborrecidos quando elas nos mordem.

As pulgas que mais incomodam os cães e gatos pertencem ao gênero Ctenocephalides ― “cabeça que lembra um pente”, em grego. Esse nome estranho se dá por conta de estruturas na cabeça dessas pulgas que parecem… um pente, oras!

A pulga-de-cão (à esquerda) e a pulga-de-gato (à direita) são espécies de um mesmo gênero científico. Uma de suas características é a presença de estruturas semelhantes a um pente na cabeça. Apesar dos nomes, as duas espécies podem se alimentar do sangue de caninos e felinos, sendo a pulga-de-gato muito mais comum. (fotos: Parasite and Diseases Image Library, Australia / <a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/au/deed.en>CC BY 3.0 AU</a>)

A pulga-de-cão (à esquerda) e a pulga-de-gato (à direita) são espécies de um mesmo gênero científico. Uma de suas características é a presença de estruturas semelhantes a um pente na cabeça. Apesar dos nomes, as duas espécies podem se alimentar do sangue de caninos e felinos, sendo a pulga-de-gato muito mais comum. (fotos: Parasite and Diseases Image Library, Austrália / CC BY 3.0 AU)

Existem mais de dez espécies de Ctenocephalides, mas duas delas se espalharam por quase todo o mundo junto com nossos bichinhos de estimação: a Ctenocephalides felis (pulga-de-gato) e a Ctenocephalides canis (pulga-de-cão). Aliás, felis e canis significam “gato” e “cão” em latim, e vêm delas as palavras “felino” e “canino”. Apesar dos nomes, as pulgas-de-cão também podem morder os gatos, e um cachorro pode ter pulgas-de-gato.

O bicho-de-pé do Zeca também é um tipo de pulga, que vive no chão de locais quentes e sujos. Seu nome científico é Tunga penetrans, onde Tunga é um termo tupi-guarani para “pulga” e penetrans quer dizer “que penetra”, em latim.

Bicho-de-pé

Muita gente não sabe, mas o bicho-de-pé é a fêmea de uma espécie de pulga (à esquerda), que penetra na pele do hospedeiro (centro), onde se alimenta de sangue, cresce até o tamanho de uma ervilha (à direita) e põe cerca de 100 ovos. (fotos: Laboratório de Ensino de Parasitologia e Entomologia da UFRN, Wikimedia Commons e Biodiversity Heritage Library)

As fêmeas do bicho-de-pé penetram na pele de uma pessoa ou animal e ficam lá sugando sangue e crescendo na forma de uma bolinha. Após uns dias, coloca ovos, que caem no chão, e depois morre. Porém, seu corpo continua na pele do hospedeiro, podendo apodrecer e causar uma infecção por bactérias e outros microrganismos.

As pulgas podem parecer terríveis, mas não se preocupe. Se você ou seu animal de estimação for incomodado por elas, existem medicamentos próprios para dar cabo dessas danadas. Xô, coceira!

Matéria publicada em 07.08.2015

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Henrique Caldeira Costa

Curioso desde criança, Henrique tem um interesse especial em pesquisar a história por trás dos nomes científicos dos animais, que partilha com a gente na coluna O nome dos bichos

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