Em agosto, falamos aqui sobre como, na segunda metade do século 19, os cabos telegráficos se espalharam pelo mundo inteiro, cruzando oceanos e continentes para, pela primeira vez na história humana, ligar todo o planeta em um único sistema de comunicação.
A novidade foi bem sucedida, mas, como você sabe, os telégrafos só transmitem mensagens escritas. Por isso, logo surgiu a curiosidade: não seria possível transmitir também uma mensagem falada? As pesquisas desenvolvidas para responder a esta pergunta tiveram um resultado muito utilizado até hoje: a invenção do telefone. Mas vamos voltar no tempo e entender como isso foi possível…
Vários inventores começaram a trabalhar em melhorias no telégrafo que permitissem enviar diversas mensagens ao mesmo tempo. Eles conseguiram fazer isso usando diferentes frequências para diferentes mensagens – enquanto em uma mensagem os pontos e traços eram “batidos” mais lentamente, em outra eram “batidos” mais rapidamente, e tudo era enviado junto.
A máquina que recebia a mensagem do outro lado sabia qual era qual pela frequência de cada uma, isto é, pela rapidez com que os pontos e traços apareciam em cada uma, e podia “separar” uma da outra. O nome técnico desse processo de colocar várias mensagens ao mesmo tempo em um mesmo canal é complicado, mas bonito: multiplexação.
Depois da multiplexação do telégrafo foi fácil chegar ao telefone, pois o processo é muito parecido. O truque foi incorporar um microfone e um alto-falante ao sistema.
No microfone há uma membrana que vibra junto com o ar sempre que algum som é produzido (leia também: Como funciona o telefone de copo?). Essas vibrações empurram uma peça dentro do microfone que produz um sinal elétrico que se propaga pelo fio, reproduzindo as diferentes frequências de vibração que constituem um som particular (desde frequências mais graves até frequências mais agudas).
Do outro lado da linha, o sinal elétrico assim codificado chega até um alto-falante, onde o processo inverso acontece: são os pulsos elétricos que empurram uma membrana, que, ao empurrar o ar ao seu redor nas mesmas combinações de frequências, reproduzem o som transmitido.
Inicialmente, o telefone foi imaginado para ligar entre si apenas dois aparelhos – assim, uma pessoa em um quarto poderia falar com outra em outro lugar da casa, ou uma pessoa de casa poderia falar com outra no escritório. Porém, a invenção se popularizou rapidamente e foi preciso criar conexões entre muitos aparelhos.
A solução foi criar uma mesa de conectores operada por uma pessoa (geralmente uma mulher), para quem se telefonava e se pedia para ser conectado a outro telefone específico. Apenas no início do século 20 esse processo foi automatizado e os telefones ganharam seus números, permitindo que se fizesse a ligação diretamente de um para outro – exatamente como fazemos até hoje.