Onde tudo começou

“Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, muito alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele… ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.”

O Monte Pascoal, localizado no sul da Bahia, foi a primeira porção de terra avistada pelos portugueses quando chegaram ao Brasil. É grande a biodiversidade desta região, tanto na terra como no mar, como se pode ver nessa aparição da baleia jubarte (<i>Megaptera novaeangliae</i>). (foto: Tiagosp7 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0)

O Monte Pascoal, localizado no sul da Bahia, foi a primeira porção de terra avistada pelos portugueses quando chegaram ao Brasil. É grande a biodiversidade desta região, tanto na terra como no mar, como se pode ver nessa aparição da baleia jubarte (Megaptera novaeangliae). (foto: Tiagosp7 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0)

Foi assim que Pero Vaz de Caminha, escrivão da expedição comandada por Pedro Álvares Cabral, descreveu a primeira porção de terra avistada pelos portugueses quando chegaram ao Brasil. Após um mês e meio navegando pelo oceano Atlântico rumo ao desconhecido, deve ter sido emocionante para aqueles marujos avistarem uma montanha cercada de florestas. Certamente eles nem desconfiavam que aquele avistamento marcaria o começo da história de um país.

O pau-brasil (<i>Caesalpinia echinata</i>) era uma árvore tão abundante nas florestas do litoral brasileiro que inspirou o nome do nosso país. Se tornou uma espécie ameaçada de extinção após ser explorada intensamente para extração de madeira e corante vermelho para tecidos. É considerada a espécie símbolo do Parque Nacional Pau Brasil. (foto: Mauro Guanandi / Flickr  / CC BY 2.0)

O pau-brasil (Caesalpinia echinata) era uma árvore tão abundante nas florestas do litoral brasileiro que inspirou o nome do nosso país. Se tornou uma espécie ameaçada de extinção após ser explorada intensamente para extração de madeira e corante vermelho para tecidos. É considerada a espécie símbolo do Parque Nacional Pau Brasil. (foto: Mauro Guanandi / Flickr / CC BY 2.0)

O monte Pascoal – que recebeu esse nome por ter sido avistado na semana da Páscoa – está localizado na região que hoje em dia corresponde ao sul da Bahia. Curiosamente, apesar de ter sido uma das primeiras regiões a serem colonizadas pelos europeus, ali ainda se encontram trechos bem preservados da mata atlântica, que abrigam muitas espécies ameaçadas da fauna e da flora. Por isso, além de importância histórica, esta região tem também grande importância para a conservação da biodiversidade.

O mutum-do-sudeste (<i>Crax blumenbachii</i>) é uma ave ameaçada de extinção que felizmente encontra refúgio nos parques nacionais do sul da Bahia. (foto: Claudio Dias Timm / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0)

O mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) é uma ave ameaçada de extinção que felizmente encontra refúgio nos parques nacionais do sul da Bahia. (foto: Claudio Dias Timm / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0)

Parte de toda essa riqueza do sul da Bahia está protegida em três importantes áreas de preservação: o Parque Nacional do Monte Pascoal, o Parque Nacional do Descobrimento e o Parque Nacional Pau-Brasil. As florestas preservadas nesses parques são formadas por árvores importantes da flora brasileira, como jequitibá, jatobá, maçaranduba e o próprio pau-brasil, que deu nome ao nosso país.

O ouriço-preto (<i>Chaetomys subspinosus</i>) é outra espécie ameaçada de extinção que hoje em dia está restrita a pequenos trechos de floresta no litoral brasileiro, como os que estão protegidos nos Parques Nacionais do Descobrimento e Monte Pascoal. (foto: Magno Travassos)

O ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) é outra espécie ameaçada de extinção que hoje em dia está restrita a pequenos trechos de floresta no litoral brasileiro, como os que estão protegidos nos Parques Nacionais do Descobrimento e Monte Pascoal. (foto: Magno Travassos)

Onde há floresta preservada, há também animais! Os parques do sul da Bahia são refúgios para vários bichos ameaçados de extinção, como a onça-pintada, a ariranha e o ouriço-preto, além de aves de grande porte, como o mutum-do-bico-vermelho, o macuco, a harpia, e o urubu-rei.

Mas as atrações dos parques do sul da Bahia não terminam por aí. No Parque Nacional do Monte Pascoal, por exemplo, também é possível conhecer um pouco sobre a cultura indígena. Os índios pataxós habitam a região desde o século 16 e são eles que guiam os visitantes do parque pelas trilhas, praias e rios, além de mostrarem um pouco dos seus hábitos e tradições.

Aliás, foi assim também que os tupinambás, índios que dominavam a região antes dos pataxós, receberam os portugueses em sua chegada. E com uma recepção amistosa e tantas belezas naturais, parece que a primeira impressão que nossos colonizadores tiveram do Brasil não poderia ter sido melhor.

Matéria publicada em 10.08.2016

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Vinícius São Pedro

Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.

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