Físico, ao trabalho!

Se você tivesse que desenhar um físico, como ele seria? Um homem superinteligente, de jaleco branco, com capacete e óculos especiais, anotando coisas em um bloquinho? Pois foi assim que, no ano passado, crianças retrataram esses cientistas antes de visitar o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, na Suíça, um lugar onde físicos de diversos países, inclusive do Brasil, trabalham.

Desenho de um físico feito por uma criança que visitou o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (ilustração: Cern / Lancelot / Ecole Roger Vailland de Farges, Classe de CE2 avec Mme Mailland).

No final da visita, porém, as crianças notaram que os físicos não eram bem como elas haviam desenhado. Esses cientistas também cometem erros e têm que superar dificuldades. Alguns não usam nenhum equipamento especial em seu trabalho. Outros fazem experimentos com equipamentos bem grandes ou sofisticados.

Mas, afinal, o que os físicos fazem? Física! Esses cientistas buscam pesquisar e entender os aspectos mais básicos do mundo natural. Com o auxílio de experimentos e da matemática, eles estudam e descrevem o que acontece com galáxias, átomos, luz, som e muitas outras coisas.

Atentos ao que se repete

Durante seu trabalho, é comum os físicos descobrirem comportamentos que parecem se repetir e se relacionar uns com os outros. Então, eles usam esses comportamentos para tentar adivinhar o que vai acontecer com algum objeto em uma nova situação. Quando dá certo, os físicos ficam muito contentes. Afinal, isso quer dizer que as observações que eles fizeram e as explicações que eles deram para elas mostram-se úteis e corretas. Já quando dá errado…

Não, os físicos não desanimam. Eles ficam ainda mais estimulados! É como se dissessem: “Oba, há algo novo para ser descoberto aqui”, e lá se vão a estudar mais o assunto, tentando descobrir novos comportamentos e leis para explicar os resultados.

Ao longo deste processo, a física vai acumulando resultados e explicações para eles, que vão ficando mais e mais refinadas. Com isso, os físicos – e também outras pessoas interessadas no que a física vai descobrindo, como engenheiros, médicos e inventores – passam, aos poucos, a ter ideias de como utilizar esse conhecimento para criar coisas novas, que não existem na natureza, para resolver problemas. Assim foram inventados os lasers, por exemplo, e os geradores elétricos que produzem a eletricidade que temos na tomada de nossas casas.

Muitas vezes, porém, a coisa acontece ao contrário também: alguém inventa algo novo e, ao tentar entender como este invento funciona, as pessoas acabam descobrindo novos padrões e leis naturais que enriquecem o conhecimento acumulado pela física. Foi assim, por exemplo, com a máquina a vapor. O estudo dessa invenção do século 18 levou à descoberta de novos e importantíssimos princípios fundamentais da física no século 19. Por sua vez, esses princípios levaram à invenção da geladeira.

Ou seja, a física é útil, muito útil. Para o bem e para o mal: o mesmo conhecimento que permite curar doenças também permite construir bombas, por exemplo. Mas repare que não é a física que é boa ou má, construtiva ou destrutiva. É o que as pessoas escolhem fazer com o conhecimento que pode ser bom ou ruim.

Portanto, se alguém nos pergunta “para que serve a física?”, podemos responder que a física serve para muitas coisas. Mas acho que a física serve mesmo é para nos dar uma maneira muito bonita de entender o universo e de apreciar não só a sua beleza, mas também – e principalmente – a beleza de poder entendê-lo.

Beto Pimentel
Colégio de Aplicação
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Matéria publicada em 27.01.2011

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Beto Pimentel

O autor da coluna A aventura da física é apaixonado por essa ciência desde garoto. Hoje, curte também dar aulas e fazer atividades criativas em contato com a natureza e com as outras pessoas.

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