Ah, se eu te pego, sua barata!

Sempre gostei de insetos. Talvez a ideia de que alguns nos dão sorte, como os gafanhotos e grilos, tenha feito com que desde criança eu os procurasse por todos os lados. Com meus amigos, competia para saber quem coletava maior número deles.

Outros insetos também eram apreciados, como os vaga-lumes. Com um vidro na mão, saíamos à procura dos pequenos pontos verdes luminosos que cintilavam nos jardins e em todos os cantos escuros da rua. Ao final, tínhamos verdadeiras lanternas que piscavam de forma descontrolada e cada vez mais e mais intensas.

E as borboletas? No início da floração das laranjeiras, lá estavam. De todas as cores e tamanhos. Irresistíveis. O mesmo para os besouros – e, quanto maiores, mais desejados por nós. Besouros verdes, amarelos, azuis, vermelhos, com ou sem chifres, e sempre fortes, capazes de puxar até mesmo nossos carrinhos de brinquedo.

Baratas

As baratas existem há pelo menos 300 milhões de anos e são vencedoras na história da sobrevivência em nosso planeta (Foto: Daniel Spiess / Flickr / CC BY-SA 2.0)

Porém, outros insetos, como pernilongos e percevejos, não víamos com bons olhos. Ambos eram sugadores de sangue e capazes de transmitir doenças que podiam nos matar. A eles, a vingança era terrível, pois ganhava a competição quem matasse o maior número. O mesmo valia para as baratas. Coitadas! Não sobrava uma…

Apesar de caçados por mim e por meus amigos, os insetos sempre venciam, pois cada vez estavam em maior número. São grandes vencedores, e não é de hoje – têm uma história de evolução que remonta há mais de 400 milhões de anos e formam um grupo de invertebrados que obteve muito sucesso.

Libélula pré-histórica

Reconstituição de uma libélula gigante do período Carbonífero, há mais de 300 milhões de anos. Da ponta de uma asa à outra, atingia quase 80 centímetros. Foi o maior inseto voador que já viveu na Terra (Imagem: Flickr / andytang20 / CC BY 2.0)

Em dois momentos da história da Terra, os insetos mostraram ampla diversidade e transformação. Durante o período Carbonífero, entre 359 e 299 milhões de anos atrás, eram os invertebrados mais comuns nos ambientes terrestres. Foi quando surgiu a possibilidade de dobrarem as asas, facilitando seu escape dos predadores e agilizando seu deslocamento no solo. Já outro momento importante da evolução dos insetos ocorreu há 100 milhões de anos, possivelmente em associação com a evolução das plantas com flores.

Fóssil de libélula

Fóssil de libélula encontrado no estado do Ceará, com 100 milhões de anos (Foto: Ismar de Souza Carvalho)

Blatódeos, ortópteros, dípteros, odonatas, himenópteros… Ou, se preferir, baratas, grilos, moscas, libélulas e formigas. Não importa como os chamamos. Se imaginarmos que os controlamos, grande engano! Dominaram no passado e são, no presente, os grandes vencedores entre os animais, já que ocupam todos os ambientes terrestres de nosso planeta.

Matéria publicada em 09.03.2012

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Ismar de Souza Carvalho de Souza Carvalho

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