Admiráveis vermes chatos

Imagine uma criatura achatada, gosmenta, sem coração ou pulmões. Um predador com um intestino ocupando a maior parte do corpo, macho e fêmea ao mesmo tempo e que ainda é capaz de se tornar dois indivíduos se for cortado ao meio. Pela descrição, parece até um monstruoso alienígena de filme de ficção científica. Mas e se eu disser que esses animais existem bem aqui, pertinho de nós?

Pode não parecer, mas as planárias são grandes predadoras. Nesta foto podemos ver uma delas se alimentando de um pequeno caramujo. (foto: Fernando Carbayo / http://planarias.each.usp.br/ / <a href=http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/br/>CC BY-NC 3.0</a>)

Pode não parecer, mas as planárias são grandes predadoras. Nesta foto podemos ver uma delas se alimentando de um pequeno caramujo. (foto: Fernando Carbayo / http://planarias.each.usp.br/ / CC BY-NC 3.0)

Esses bichos curiosos são as planárias e pertencem ao grupo dos Platyhelminthes (“vermes chatos”, em grego). Elas medem de 5 milímetros a 50 centímetros e podem ser encontradas no mar, lagos, riachos e no chão úmido das matas, cada espécie adaptada ao seu próprio ambiente.

As planárias se alimentam de outros invertebrados por meio de um tubo que sai do meio do corpo, chamado faringe. E é aí que entra mais uma bizarrice delas: depois que os nutrientes da refeição são absorvidos no interior do corpo, os restos saem pelo mesmo lugar por onde entraram. Eca!

E como as planárias sobrevivem sem um coração e pulmões? A resposta é simples. Por esses animais serem pequenos e muito achatados, as células da sua pele conseguem capturar oxigênio direto do ar e distribuí-lo para as células vizinhas, uma a uma. O mesmo acontece com os nutrientes. Ou seja, as planárias não precisam de um sistema de vasos e órgãos especiais para essas funções, como geralmente ocorre em animais maiores como nós. Incrível, não é mesmo?

Os cientistas já registraram mais de 4 mil espécies de planárias ao redor do mundo, sendo quase 500 apenas no Brasil. A mais conhecida por aqui talvez seja a espécie Girardia tigrina que habita lagos, geralmente junto a aguapés. Seu nome é uma homenagem ao pesquisador francês Charles Frédéric Girard e também uma referência a sua coloração geralmente tigrada.

No interior das matas, sob as folhas e troncos caídos, vivem ainda as planárias terrestres. Algumas delas receberam nomes bem interessantes, como a Paraba piriana. Na língua indígena tupi, paraba significa “multicolorido” e piriana é algo com listras longitudinais. Tudo a ver com um bicho cheio de cores e com listras que percorrem o corpo de uma ponta a outra.

À primeira vista, as planárias podem parecer estranhas e até nojentas. Mas eu garanto que após conhecê-las melhor você vai achá-las criaturas fantásticas!

Confira abaixo uma galeria com diversas planárias diferentes:
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Matéria publicada em 07.11.2014

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Henrique Caldeira Costa

Curioso desde criança, Henrique tem um interesse especial em pesquisar a história por trás dos nomes científicos dos animais, que partilha com a gente na coluna O nome dos bichos

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