A química por dentro do ‘airbag’

Já ouviu falar em airbag (pronuncia-se érbéguê)? Assim como o cinto de segurança, ele é um dos dispositivos de segurança encontrados nos automóveis. Parecido com um balão de ar, o airbag infla quando ocorre uma batida, protegendo os passageiros do impacto.

Inicialmente, o airbag era instalado apenas no volante, para proteção do motorista. Com o tempo, os novos modelos de carros passaram a ter o dispositivo também na parte do painel em frente ao carona, no encosto dos bancos dianteiros (para proteção de quem senta no banco de trás) e nas portas (para proteção contra colisão lateral).

Você sabia que os carros também contam com princípios da química para serem mais seguros? (Foto: onlinewoman / Flickr)

Mas como esse balão de ar funciona? Quando o veículo bate, o airbag se enche de nitrogênio em um piscar de olhos – é isso mesmo, em menos de um segundo! – e impede que os ocupantes sejam lançados contra as partes duras do automóvel, evitando que se machuquem de forma grave ou fatal.

O airbag é constituído por três partes principais: a bolsa, o sensor de colisão e o sistema de enchimento, importantes para que o dispositivo funcione corretamente.

A bolsa, fina e resistente, é fabricada em náilon e fica dobrada em um compartimento especial. O sensor de colisão é formado por um acelerômetro e um circuito integrado, que detectam e analisam as variações de velocidade. Ele é programado para ignorar pequenas diminuições de velocidade (que ocorrem, por exemplo, quando o carro freia bruscamente). Entretanto, se a desaceleração for muito grande, equivalente a uma batida contra um muro de tijolos a uma velocidade acima de 16 Km/h, o sensor envia um sinal para inflar a bolsa.

Os ‘airbags’ são posicionados de modo a proteger motorista e passageiros (Foto: Taekwonweirdo / Flickr)

O sistema de enchimento da bolsa é constituído por uma resistência elétrica e por uma mistura de três substâncias de nome esquisito: azida de sódio, nitrato de potássio e dióxido de silício. Quando ocorre a colisão, o sensor emite uma corrente elétrica que faz a resistência do sistema de enchimento se aquecer a uma temperatura de 300°C. Isto provoca a decomposição da azida de sódio, produzindo sódio e nitrogênio.

Em uma segunda etapa, o sódio reage com o nitrato de potássio, produzindo mais nitrogênio e óxidos metálicos, que são neutralizados pela reação com o dióxido de silício, formando vidro. Este vidro é filtrado e fica retido na câmara de reação, não passando para o interior da bolsa.

A grande quantidade nitrogênio (cerca de 70 litros) liberada pela reação enche a bolsa de náilon bem a tempo de impedir que os ocupantes se choquem contra as partes duras do automóvel. Imediatamente após o seu enchimento, e após cumprir seu papel, o airbag começa a esvaziar, pois o nitrogênio escapa por furinhos que existem na bolsa, para impedir que a vítima sufoque.

Assim como o nitrogênio formado pela reação química, o pó branco liberado após a explosão de um airbag não apresenta perigo algum. É apenas amido ou talco que é usado para proteger o saco de náilon durante o armazenamento.

Você imaginou que coubesse tanta química em uma batida de carro?

Matéria publicada em 21.10.2011

COMENTÁRIOS

  • André de oliveira santiago

    Nossa eu não pensei que coubesse tanta química em uma batida de carro

    Publicado em 30 de setembro de 2020 Responder

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Joab Trajano Silva

Desde criança, o autor da coluna No laboratório do Sr. Q pensava em ser biólogo. Mas, enquanto cursava a faculdade, descobriu que precisava de conhecimentos químicos para entender como os seres vivos funcionam. Juntou as duas coisas e foi ser bioquímico.

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