A química da cola

Você usa cola para fixar as figurinhas do seu álbum, para consertar a asa da xícara que você acabou de quebrar, para colar etiquetas em cadernos, livros ou para deixar recados no monitor de seu computador. Alguns profissionais usam cola para unir canos e impedir que a água vase pelas junções, para fixar carpetes ou para manter fixas as diferentes partes de um tênis ou sapato. Alguns produtos, como a fita adesiva (durex), o esparadrapo, os curativos adesivos do tipo band-aid, e os selos postais já vêm com cola. Mas, você já parou para pensar como a cola consegue colar?

Para começo de conversa, é bom saber que existem três tipos de cola: as colas baseadas em água (como a cola branca que você usa na escola e a cola que existe no verso do selo postal); as colas baseadas em solventes (como a cola usada pelos sapateiros); e as colas que reagem quimicamente em contato com o ar (como as colas do tipo superbonder). Apesar dessas diferenças, todas elas possuem algo em comum: usam a propriedade adesiva de certos polímeros (naturais ou sintéticos) para manter as coisas unidas. Estes polímeros se ligam uns aos outros e as partes que se deseja unir, colando-as.


Polímeros são moléculas grandes formadas pela ligação de poucos tipos de moléculas menores. O amido de milho, por exemplo, que as mães costumam usar pra fazer aquele delicioso mingau pela manhã, é formado pela ligação de milhares de moléculas menores, chamadas de glicose. Curiosamente, o mingau também pode ser usado como cola.

As colas com base em água são formuladas com polímeros, naturais (goma arábica, presente na borda de envelopes e no verso de selos) ou sintéticos (acetato de polivinila, ou PVA, o componente encontrado na cola escolar), dissolvidos em água. Elas devem ser usadas apenas na superfície de materiais porosos (como papel, tecido e madeira), pois não atuam em materiais não porosos (como vidros e plásticos). Na presença da água, os polímeros interagem pouco entre si, e a cola permanece líquida. Entretanto, quando aplicada sobre uma superfície porosa, a cola, além de permanecer entre as duas partes que deve colar, também penetra nos poros existentes na superfície destes materiais. Com o tempo, a água evapora lentamente, e os polímeros começam a interagir entre si e com o material sobre o qual foram aplicados, unindo as duas partes que estavam em contato. As colas com base aquosa são laváveis e perdem sua capacidade de aderência quando expostas à água, pois os polímeros responsáveis pela aderência se dissolvem neste meio.

As colas com base em solvente (como a cola de sapateiro e as colas acrílicas) são formuladas com polímeros sintéticos (acrílico, policarbonato, poliestireno, policloropreno) que não são solúveis em água. Por isso, eles são dissolvidos em um solvente orgânico. Estas colas são capazes de unir superfícies com baixa porosidade, como plásticos, e vidros. Por causa do solvente, estas colas secam rapidamente, mas devem ser usadas apenas por adultos, pois os solventes de sua composição geralmente são tóxicos. Pelo fato de os polímeros que constituem estas colas não serem solúveis em água, elas não descolam quando são molhadas.

As colas “químicas”, do tipo superbonder são formuladas com compostos que reagem quimicamente e formam polímeros em contato com a umidade do ar. Como o cianoacrilato O polímero formado enrijece rapidamente, colando fortemente as partes que se queria unir. Esta cola deve ser manuseada com cuidado, e apenas por adultos, pois além de colar papel, vidro, couro, plástico, cerâmica e metal ela também cola tecidos vivos, como a pele. Esta propriedade faz com que colas químicas formuladas com cianoacrilatos modificados sejam usadas em procedimentos cirúrgicos, substituindo os pontos superficiais para o fechamento da pele de perfurações da córnea.

 

 

 

 

Matéria publicada em 27.05.2011

COMENTÁRIOS

  • Viviane

    Qual nome da cola que é usada na fabricação de bandaid?

    Publicado em 22 de agosto de 2020 Responder

  • Eliana valquiria Tiago celestino

    A cola conta to tem alguma substância que faz mal a saude

    Publicado em 11 de março de 2021 Responder

  • Jairo Moreira

    Sou do Museu Interativo de ciências aqui em Belem do PARÁ( Parque de Ciências).ha 26 anos na divulgacâo e aproximacâo das pessoas para o entendimento do que é ciência.

    Publicado em 29 de junho de 2021 Responder

  • Airton G Meira

    Bom dia. Me chamo Airton Meira estou em busca de uma cola usada na fita dupla face ou fita adesiva, que possa ser aplicada na superfície de uma EVA que não seque e encima colocaria um papel teflon para não grudar e quando eu quisesse aplicar o EVA tirasse esse papel e colava na parede, azulejo, vidro etc…
    Estou desenvolvendo em minha empresa Pratik Material Esportivo Ltda, uns protetores para garagem em EVA, para proteção do carro não raspar na parede.
    Gostaria de sua ajuda.
    Atenciosamente,
    Airton Meira

    Publicado em 6 de agosto de 2021 Responder

  • Ketlyn de Lima

    😯

    Publicado em 27 de julho de 2023 Responder

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Joab Trajano Silva

Desde criança, o autor da coluna No laboratório do Sr. Q pensava em ser biólogo. Mas, enquanto cursava a faculdade, descobriu que precisava de conhecimentos químicos para entender como os seres vivos funcionam. Juntou as duas coisas e foi ser bioquímico.

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