Cobra de duas cabeças?!?

Duas espécies de anfisbênios comuns no Brasil: à esquerda, a Amphisbaena alba ; à direita, a Amphisbaena vermicularis .

Ele tem o corpo alongado, formado por anéis e coberto por escamas. Quem viu jura que é uma cobra e, pior ainda, de duas cabeças. Nossa! Mas, na verdade, não é nada disso. O anfisbênio é um réptil, um parente das serpentes e dos lagartos, sem ser nem um nem outro, mas um bicho diferente. Muita gente nem sabe de sua existência. Então, para apresentá-lo, a Universidade Estadual de Feira de Santana lançou uma cartilha que conta tudo sobre o animal: Nem cobra, nem duas cabeças: quem eu sou?

Como os anfisbênios se locomovem com facilidade para frente e para trás, dão às vezes a impressão de ter duas cabeças.

Um dos motivos que faz com que o animal seja pouco conhecido é o seu hábito fossorial, ou seja, o fato de ele viver escondido debaixo da terra. Sua fama de cobra de duas cabeças nasceu porque seu corpo é muito parecido com o de uma serpente, e também porque ele é capaz de se locomover para frente e para trás com a mesma habilidade, daí a impressão que passa de possuir duas cabeças. Esta locomoção só é possível porque a pele do anfisbênio não está presa ao seu tronco, o que facilita o deslocamento do animal.

Ao contrário de algumas espécies de cobras, os anfisbênios não injetam peçonha. Por isso, não há razão para pânico se, por acaso, você topar com um por aí. No entanto, eles possuem um conjunto de dentes especializados para rasgar os alimentos e que, sentindo-se ameaçados, podem usar para se defender com uma mordida bem doída, mas que não mata ninguém.

No mundo, são cerca de 160 espécies de anfisbênios, distribuídas em diferentes famílias, com aproximadamente 60 espécies só no Brasil, encontradas em diversas regiões. “Esses animais são agentes ecológicos importantes, pois promovem a aeração do solo onde vivem em galerias construídas pelo próprio corpo”, explica Maria Celeste Costa Valverde, professora do Departamento de Ciências Biológicas, da Universidade Estadual de Feira de Santana. Isso quer dizer que os anfisbênios vão fazendo buracos no solo, o que contribui para que ele se torne mais fértil, pois permite que o oxigênio se distribua melhor por ele.

A cartilha faz parte de um projeto que Maria Celeste desenvolve no estado da Bahia para apresentar o anfisbênio ao público. Ela é toda ilustrada com uma história em quadrinhos, fotos e desenhos que explicam detalhes do bicho. Além de promover o conhecimento sobre este animal curioso, a cartilha visa defendê-los. “A época das chuvas é uma sentença de morte para milhares de anfisbênios, pois as galerias onde vivem são inundadas, obrigando-os a sair para a superfície, sendo atacados indiscriminadamente pela população”, lamentou a professora.

Se você quiser saber mais sobre os anfisbênios, não perca a cartilha elaborada por Maria Celeste. Ela está disponível para download no endereço a seguir: www.uefs.br/download/zoo/cartilha.pdf (atenção: o arquivo de formato PDF tem cerca de 15 MB e pode demorar a baixar).

Além disso, você também pode dar uma idéia ao seu professor e sugerir que ele solicite o material para trabalhar em sala de aula. Neste caso, é só entrar em contato com a professora Maria Celeste pelo e-mail cverde@uefs.br e ficar por dentro do mundo dos anfisbênios.

Matéria publicada em 04.01.2006

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Gostei deste animal!

    Publicado em 26 de dezembro de 2018 Responder

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Cathia Abreu

Adoro aprender coisas novas. Tenho a sorte de trabalhar me divertindo e fazendo descobertas todos os dias.

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