Caçadores de fósseis de dinossauros

Já pensou se existisse uma máquina do tempo que pudesse nos levar até a época dos dinossauros? Poderíamos fazer uma expedição, reunindo um monte de amigos para vermos juntos esses enormes reptéis ao vivo. Não iria ser o máximo? Bom, a máquina do tempo não existe, mas cerca de vinte pessoas acabam de partir em busca dos dinossauros. Como assim? Eles são pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e acabam de viajar para o Nordeste do Brasil à procura de fósseis de dinossauros, como ossos, pegadas e dentes.

O percurso dos pesquisadores começou no dia 3 de fevereiro e inclui a Chapada do Araripe, no Ceará; Sousa, na Paraíba; e a Ilha do Cajual, no Maranhão. Esses locais foram escolhidos porque têm grande número de fósseis. No passado, eles apresentavam condições ideais para a preservação dos vestígios deixados pelos animais, como pouco oxigênio – que dificulta a ação de organismos decompositores – e o soterramento rápido.

A Chapada do Araripe, por exemplo, era uma grande laguna onde o material ficava depositado no fundo. Foi nessa região que os pesquisadores do Museu Nacional encontraram o fóssil do Santanaraptor placidus, um dinossauro carnívoro e muito ágil que viveu no local há 110 milhões de anos. Em Sousa, já foram encontradas pegadas de dinossauro e, na Ilha do Cajual, um dente de espinossauro, uma espécie de dinossauro carnívoro de grande porte que tinha espinhos nas costas e cujo crânio lembra o de um crocodilo.

Esqueleto reconstituído do Santanaraptor placidus

A viagem promete ser emocionante, mas com pouco conforto. Não pense que os pesquisadores foram de avião! Eles viajaram de jipe, pegando poeira na estrada. Além disso, ficarão acampados, pois não há pousadas por perto. Na bagagem, além do material de pesquisa – como picaretas e marretas -, estão levando câmeras, guindastes e holofotes para fazerem um documentário e um livro infantil sobre a expedição. Ah! A mala também foi cheia de repelente, pois lá os mosquitos são tão comuns quanto os fósseis.

No final da expedição, que tem previsão de terminar logo após o Carnaval, os pesquisadores pretendem trazer para o Rio de Janeiro um pedaço de uma tonelada da laje do Coringa, que se encontra na Ilha do Cajual e é rica em fósseis. Chama-se de laje a crosta de terra ou calcário endurecida e plana. “A maré no Maranhão chega a subir sete metros, uma das maiores do mundo. Como a laje fica dois metros embaixo d’água com a maré alta, só podemos trabalhar durante seis horas, quando a maré está baixa”, conta Helder de Paula Silva, estudante de biologia da Universidade do Grande Rio, que participa da expedição. “Além disso, a mudança de maré causa erosão, que pode destruir a laje. Por isso é importante trazer um pedaço dela para ficar exposto no Museu.”

Matéria publicada em 13.02.2001

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Mara Figueira

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