Brasileiro com primos distantes

Para descobrir uma nova espécie animal, nem sempre é preciso desbravar florestas desconhecidas ou se aventurar em mares distantes. Pesquisadores acabam de anunciar a descoberta de um novo inseto habitante de um lugar já muito estudado: a mata atlântica do Espírito Santo.

A. brasiliensis ainda não tem nome popular em português, mas em inglês é chamado de algo como “mosca-fórceps” – nome que se refere a um instrumento parecido com uma grande pinça e que pode ajudar o parto de alguns bebês (Foto: Ricardo Kawada)

O inseto foi descoberto por acaso quando cientistas pesquisavam vespas e recebeu o nome científico de Austromerope brasiliensis. Ao se depararem com o bicho na armadilha, os pesquisadores logo perceberam que estavam diante de algo especial. Eles viram que os machos têm uma grande estrutura no final do abdome que provavelmente os ajuda a segurar a fêmea durante o acasalamento.

Para saber mais sobre a espécie, porém, será preciso encontrar outros exemplares. “Somente um inseto foi capturado e estudado, mas não sabemos nada sobre seus hábitos alimentares, reprodutivos, ecológicos…”, conta um dos responsáveis pela descoberta, o entomólogo Renato Machado, da Universidade de Agricultura e Mecânica do Texas, nos Estados Unidos.

Outras espécies da mesma família já haviam sido encontradas no mundo, mas nunca no Brasil: esses insetos estão presentes na América do Norte e na Austrália – lugares que, além de distantes do nosso país, apresentam habitats bem diferentes da mata atlântica.

Os machos da espécie Austromerope brasiliensis têm uma grande estrutura no final do abdome. Ela parece um fórceps e provavelmente é usada para segurar as fêmeas durante o acasalamento (Foto: Ricardo Kawada)

Uma das possíveis explicações que os cientistas dão para esta distribuição é o fato de que, no passado da Terra, havia um único continente: a Pangeia, que mais tarde se separou e deu origem aos continentes que conhecemos hoje. Nessa separação, alguns animais ficaram em diferentes pedaços de terra e hoje estão distribuídos por lugares bem distantes. Além disso, já foi encontrado um fóssil de inseto dessa família do período jurássico – o que quer dizer que eles existem há mais de 145 milhões de anos.

“Um dos pontos mais importantes da descoberta desta espécie no Brasil é que ela reforça ainda mais a necessidade de preservação do nosso meio ambiente”, comenta Renato. “O bicho que foi coletado na região Sudeste – uma das mais estudadas do país e que, mesmo assim, ainda guarda segredos”.

Matéria publicada em 11.03.2013

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Fernanda Turino

Sempre fui muito curiosa, adorava brincadeiras ao ar livre e acampar (fui até escoteira!). Cresci lendo a CHC e hoje trabalho aqui.

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