Melhores amigas

Cobras são capazes de fazer algum tipo de amizade. Você acredita?!

Estamos acostumados a associar as serpentes a coisas ruins. Uma pessoa pode ser chamada de cobra quando queremos dizer que ela age com maldade ou que é pouco confiável. Mas será que esse adjetivo faz sentido do ponto de vista da ciência?

Primeiramente, sabemos que as serpentes nunca atacam por pura maldade. Elas podem atacar suas presas por necessidade – assim como faz qualquer outro predador–– ou como forma de defesa, quando se sentem ameaçadas, do mesmo modo que boa parte dos animais que conhecemos. Mas a ciência tem nos mostrado que, além de não serem más, as serpentes são capazes até mesmo de fazer amizade!

Um estudo recente analisou, por meio de experimentos em laboratório, o comportamento social de uma espécie de cobra, a Thamnophis sirtalis, muito comum nos Estados Unidos. Esta espécie é conhecida por se reunir em grupos de até milhares de indivíduos em uma mesma toca. As cobras buscam esses refúgios para evitar as baixas temperaturas do inverno e os cientistas já sabem que elas podem seguir o rastro de cheiro deixado por outras. Mas será que essas aglomerações acontecem por acaso ou as cobras escolhem seus companheiros? Em outras palavras, será que elas fazem “amigos”?

A cobra-liga (Thamnophis sirtalis) pse reunir em grupos de milhares de indivíduos.
Foto David Marvin/Flickr

Para testar essa hipótese os pesquisadores observaram pequenos grupos com dez cobras jovens, analisando se cada uma passava mais tempo especificamente com uns indivíduos do que com outros. O resultado foi surpreendente! Além de apresentarem diferenças de sociabilidade e de personalidade (umas são mais tímidas, outras mais audaciosas), as cobras provaram que têm, sim, seus melhores amigos. Elas formaram grupinhos de “amigos” que se reagrupavam mesmo depois de serem misturados a outros indivíduos pelos cientistas.

Durante o experimento, as cobras podiam escolher entre quatro opções de refúgio.
Foto Morgan Skinner
Cada cobrinha foi marcada com uma mancha de cor diferente na cabeça, para que pudesse ser reconhecida durante o experimento.
Foto Morgan Skinner

Ainda entendemos pouco do comportamento social das serpentes e de quão fortes são esses laços de “amizade” entre elas. Mas acho que já sabemos o suficiente para começar a olhar esses animais com outros olhos, não é verdade?


vinicius

Vinícius São Pedro,
Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos

Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.

Matéria publicada em 12.06.2020

COMENTÁRIOS

  • EDUARRDO

    UAU

    Publicado em 28 de junho de 2021 Responder

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