Alergia: coça, coça, espirra, empola…

Só de entrar numa sala com mofo Juliana espirra. Pedro fica com a pele empolada quando come camarão. Carlos volta e meia tem asma. O que eles têm em comum?

Tem hora que o corpo da gente vira um campo de batalha. É só aparecer algo estranho por perto que um exército de defesa se arma e vai tentar expulsar o intruso. É esse sistema de defesa do organismo — o sistema imunológico — que impede que fiquemos doentes cada vez que entramos em contato com micróbios causadores de infecções.

Uma das formas de o sistema de defesa agir é produzir anticorpos, substâncias que ficam circulando no sangue e que se grudam no intruso, facilitando sua destruição. Os anticorpos só agem contra o microorganismo que induziu sua produção. Mas nosso corpo não distingue o que é um micróbio ou outra coisa diferente, produzindo anticorpos contra qualquer intruso que aparece.

Algumas pessoas, quando entram em contato com poeira, pólen de flores, alguns alimentos, certos remédios e veneno de abelha, produzem os IgE, anticorpos de um tipo especial. A forma desses anticorpos lembra a letra Y. Os braços do Y se ligam à substância contra a qual esse anticorpo foi formado. Já o cabo do Y se une à superfície de certas células de nosso corpo chamadas mastócitos. Em vez de ficarem no sangue, os anticorpos do tipo IgE permanecem ligados aos mastócitos por meses. Os mastócitos são células cheias de grânulos, dentro dos quais existem substâncias conhecidas como mediadores inflamatórios.

À esq.: a causa da alergia une-se ao IgE (em forma de Y), o que libera o mediador inflamatório. Esse mediador atua sobre o corpo e provoca uma inflamação. À dir., um mastócito. Quando alguém come uma substância que lhe causa alergia, essa célula libera os grânulos que a compõem, que produzem vários efeitos no corpo.

Pedro, por exemplo, produz IgE contra proteínas do camarão. Como você já sabe, esses anticorpos ficam na superfície dos mastócitos. Quando Pedro comer camarão novamente, as proteínas desse animal se ligarão ao anticorpo (nos braços do Y). Esse encontro funciona como um interruptor de luz, ’ligando’ o mastócito que então lança seus grânulos para fora da célula. Esses grânulos, por sua vez, liberam os mediadores inflamatórios, que causam os sintomas da alergia e da asma.

Esse processo acontece não só com o camarão, mas também com qualquer substância contra a qual tenham sido produzidos os anticorpos do tipo IgE. Quando Juliana respira, o mofo da sala entra pelo nariz e faz com que os mastócitos liberem seus grânulos e… Atchim! Espirros! O nariz escorre e, às vezes, até fica difícil respirar. E a asma de Carlos? O mecanismo da asma é mais complicado, mas ele também começa com a liberação dos grânulos de mastócitos nos pulmões.

Os cientistas tentam entender como ocorre o processo da alergia e da asma, para tentar impedir que ele ocorra. Já existem muitos tipos de remédio, mas o melhor tratamento é evitar entrar em contato com as substâncias (poeira e alguns alimentos, por exemplo) que causam a liberação dos grânulos dos mastócitos.

Mas por que só algumas pessoas são alérgicas? Não se sabe ao certo… É provável que a alergia tenha um componente hereditário, ou seja, passe de pai para filho.

 

Matéria publicada em 09.04.1998

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Eu, até hoje não tive nenhum sinal de alergia!

    Publicado em 18 de janeiro de 2019 Responder

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