A seca e a miséria

Eis alguns versos em que João Cabral de Melo Neto fala sobre o sertão nordestino, fazendo uso da linguagem matemática:

– Cemitérios gerais
que os restos não largam
até que os tenham trabalhado
com sua parcial matemática.

– E terem dividido
o resto pelo nada,
e então restando do que resta
a pouca coisa que restava.

– Aqui, toda aritmética
dá o resultado nada,
pois dividir e subtrair são as operações empregadas.

– E quando alguma coisa
é aqui multiplicada
será sempre para elevar
o resto à potencia do nada.

É preciso saber matemática para entender esta poesia! Os poetas precisam estudar para fazer belas poesias. Para entendê-las, a gente também precisa estudar.

Matéria publicada em 15.06.1999

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Jose-Americo-Miranda

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